a camponsesa - Manuel Ribeiro de Pavia
Mora
Novembro 25
1.
fogueiras
nas ruas
a espera
angustiante
...
Novembro 25
1.
fogueiras
nas ruas
a espera
angustiante
...
a derrota
nas mãos
e não poder
agir
esperar
ainda
uma vez
mais
quanto
tempo
.
nas mãos
e não poder
agir
esperar
ainda
uma vez
mais
quanto
tempo
.
2.
25
de Novembro
a traição
ao tempo
a demora
da efectiva
mudança
...
25
de Novembro
a traição
ao tempo
a demora
da efectiva
mudança
...
a que
os tempos
irão colocar
exigir
e com
juros de
(de)Mora
.
os tempos
irão colocar
exigir
e com
juros de
(de)Mora
.
3.
Mora
os teus soldados
de Novembro
regressando
a Tancos
chefes
maiores
de uma cólera
...
Mora
os teus soldados
de Novembro
regressando
a Tancos
chefes
maiores
de uma cólera
...
amordaçada
.
.
4.
Mora
e esta raiva
não menor
de agora
hordas
de cães
contra
as tuas gentes
...
os polvos
da terra
roubando
as tuas terras
Mora
com que sábio
carinho
as trataste
com que encanto
nelas cresceste
e te fizeste
maior
.
Mora
e esta raiva
não menor
de agora
hordas
de cães
contra
as tuas gentes
...
os polvos
da terra
roubando
as tuas terras
Mora
com que sábio
carinho
as trataste
com que encanto
nelas cresceste
e te fizeste
maior
.
5.
grandes
as tuas assembleias
Mora
as UCPs
em peso
outro povo
...
grandes
as tuas assembleias
Mora
as UCPs
em peso
outro povo
...
o retintamente
melhor
de Mora
os que
as dificuldades
da vida
mais
escureceram
melhor
cristal
humano
talharam
.
melhor
de Mora
os que
as dificuldades
da vida
mais
escureceram
melhor
cristal
humano
talharam
.
6.
as tuas mulheres
operárias
dos campos
quantos rostos
cisgados
em cansaço
sorrisos
...
as tuas mulheres
operárias
dos campos
quantos rostos
cisgados
em cansaço
sorrisos
...
maduros
nesses
olhos
.
nesses
olhos
.
7.
assembleias
vestidas
de confiança
prenhes
de vivacidade
e alegria
pura beleza
...
assembleias
vestidas
de confiança
prenhes
de vivacidade
e alegria
pura beleza
...
pura força
de viver
.
de viver
.
8.
grandes
as tuas assembleias
qualquer
que fosse a hora
qualquer
que fosse o local
...
grandes
as tuas assembleias
qualquer
que fosse a hora
qualquer
que fosse o local
...
elas aí estavam
Mora
que rumor
de raiva
.
Mora
que rumor
de raiva
.
9.
Mora
que rumor
de raiva
surda
te irrompe
de dentro
ah a raiva
incontida
...
ah como
cantarás
os cânticos
da vitória
com que voz
rouca
que louca
alegria
te sairá
da voz
da tua voz
mais
profunda
mora
.
Mora
que rumor
de raiva
surda
te irrompe
de dentro
ah a raiva
incontida
...
ah como
cantarás
os cânticos
da vitória
com que voz
rouca
que louca
alegria
te sairá
da voz
da tua voz
mais
profunda
mora
.
10.
sempre
às tuas ordens
Mora
e às suas
ordens
professor
amigo xitas
...
presidente
hoje
e sempre
o teu eterno
sorriso
pisco
um copo
de humanidade
levantemos
uma vez mais
as taças
.
sempre
às tuas ordens
Mora
e às suas
ordens
professor
amigo xitas
...
presidente
hoje
e sempre
o teu eterno
sorriso
pisco
um copo
de humanidade
levantemos
uma vez mais
as taças
.
11.
não mais
deixaremos
de estar
aqui
uns
com os outros
.
as lutas
...
não mais
deixaremos
de estar
aqui
uns
com os outros
.
as lutas
...
que travámos
fizeram de nós
definitivamente
outros seres
bem melhores
do que antes
éramos
.
fizeram de nós
definitivamente
outros seres
bem melhores
do que antes
éramos
.
12.
obrigado
Mora
obrigado
ás tuas gentes
foi praticamente
aqui
que comecei
a ser gente
...
obrigado
Mora
obrigado
ás tuas gentes
foi praticamente
aqui
que comecei
a ser gente
...
.
fj
25 nov.75
tinha acabado de fazer 20 anos a 11 de novembro
era revolucionário a tempo inteiro.
estava tuberculoso de sem horas lutar
e mal comer sem poiso
certo
.
mas assim me fiz eu.
amei aqueles tempos
e todas as todas mulheres
mora.
obrigado
.
fj
fj
25 nov.75
tinha acabado de fazer 20 anos a 11 de novembro
era revolucionário a tempo inteiro.
estava tuberculoso de sem horas lutar
e mal comer sem poiso
certo
.
mas assim me fiz eu.
amei aqueles tempos
e todas as todas mulheres
mora.
obrigado
.
fj
poema de Filipe Chinita, desenho de Manuel Ribeiro de Pavia
Sem comentários:
Enviar um comentário