Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Intervenção de Bernardidno Soares (Líder parlamentar do PCP), em resposta às intervenções de Carlos Zorrinho (Líder parlamentar do PS) sobre as intermitências do PS na política.
Sra. Presidente,
Sr. Deputado Carlos Zorrinho,
De facto, há coisas que nos surpreendem, apesar de tudo ainda nos surpreendem.
É que quem agora ouvisse este debate, ficava com a ideia que só havia um partido que não tinha nada a ver com o memorando da Troika. Era o Partido Socialista! Foi precisamente aquele que o assinou!
Ó Sr. Deputado Carlos Zorrinho, os senhores governaram, governaram na prática, governaram na prática com o PSD e em parte com o CDS, os senhores aprovaram os orçamentos de estado com o PSD!, Os senhores aprovaram o PEC 1, o PEC 2 e o PEC 3 com o PSD!, E depois criam num PEC 4 que tinha as privatizações, que tinha o aumento do IVA, que tinha o corte nas prestações sociais, que tinha a diminuição de trabalhadores na administração pública, queriam que nós (PCP) o aprovássemos? Ó Sr. Deputado! Isso seria desdizer aquilo com que nos comprometemos com a população e com os portugueses! Mas para isso já cá está o Partido Socialista! Não precisa que nós o façamos.
Eu queria dizer ao Sr. Deputado que nós, nisso tenho de o acompanhar, vimos com uma consternação profunda a mensagem do Primeiro Ministro. Porque é uma mensagem que se afirma determinado, em que ele se afirma determinado em prosseguir um rumo absolutamente desastroso para o país. Mas que não é um engano! É a vontade de privilegiar os mais poderosos deste país! É a vontade de lapidar o património público! É a vontade destruir direitos das populações e dos trabalhadores! É a vontade de destruir o Poder Local Democrático! Isso não é um acaso! Não é um engano! É uma vontade que o Primeiro Ministro e o Governo PSD/CDS-PP têem e que querem prosseguir! E é por isso que aquela espécie de tentativa de corrigir a mão, no Facebook, depois se choca pela sua insensibilidade e pelo seu cinismo político! Porque se trata de um choradinho que não tem nada a ver com a política do Governo. Porque as dificuldades de que ali se falam são consequência da política do Governo, e isso é que é fundamental neste momento. E Sr. Deputado, eu queria dizer uma coisa muito concreta: É que nós precisamos de sair desta situação. Mas precisamos que este governo saia rapidamente! E O Sr. deputado deu aqui uma ligeira nuance em relação à posição do Partido Socialista habitual! Até agora diziam "eleições em 2015" "estamos preparados para 2015" o que queria dizer até lá o Governo pode fazer o que quiser! Agora disso, Sr. Deputado, é uma nuance, eleições em 2015 ou quando o povo português quiser. e o PS o que é que quer? Sr. Deputado Carlos Zorrinho?
Nós dizemos: Nós queremos que o Governo seja demitido, e que sejam convocadas eleições o mais depressa possível. E eu pergunto se o Partido Socialista nos acompanha nessa reivindicação? E mais Sr. Deputado, o Sr. Deputado falou aqui contra algumas privatizações, falou sobre alguns pormenores da privatização da "ANA", mas o Partido Socialista é favorável à privatização da "ANA"!
E portanto, eu acho que o Partido Socialista tem mais ou menos a posição pelo que vai ficar conhecido nesta fase da sua história como o partido do "Assim não"!
"Somos a favor das privatizações" "mas assim não";
"Somos a favor da reorganização do território" "mas aasim não";
"Somos a favor do cumprimento do memorando" "mas assim não";
Ó Sr. Deputado, nós precisamos do PS na oposição, mas assim não!!
No período antes da ordem do dia, entre outras intervenções (incluído a de Fernando Carmosino da CDU) o eleito da CDU Campo Maior (António João Gonçalves) leu a seguinte declaração:
DECLARAÇÃO
Era uma vez… um menino chamado
Pedro, que de repente, e depois de alguns empurrões, chega a líder do PSD e,
nessa qualidade começa a fazer campanha para convencer o povo Português que com
ele em Primeiro-Ministro tudo seria diferente em Portugal e para os portugueses,
para melhor. Para isso e já em campanha eleitoral diz por ex. que se o PSD
ganhar as eleições legislativas em Junho de 2011, não haverá mais aumentos de
impostos, a carga fiscal é suficiente, que não roubará os subsídios de férias e
de natal aos pensionistas e funcionários públicos, que a política de
privatizações não será vender os nossos ativos ao desbarato, o que seria
criminoso, que não haverá liberalização dos despedimentos nem agravamento do
código do trabalho, que já basta de austeridade e que não se pode cortar
cegamente e que aqueles que sofriam (na altura) e não se sabiam nem podiam
defender encontrariam sempre nele e no futuro governo PSD um aliado amigo! Eis
que o PSD ganha as eleições com maioria relativa, o antes menino Pedro passa pela fase de pai e
cidadão e, torna-se Primeiro-Ministro
de Portugal e através de um acordo de coligação com o CDS-PP, forma Governo e apoiado na
Assembleia da República por uma maioria de Deputados da direita mais radical,
desde o 25 de Abril de 1974, e a um ritmo alucinante começam a pôr em prática o
pacto de agressão da Troika Internacional (também subscrito na altura pelo PS, apoiado no que aos trabalhadores diz
respeito, pela UGT) e tudo o que tinha repetidamente prometido na última campanha eleitoral faz
tábua rasa e sai tudo ao contrário. Aumenta impostos (por ex. o IVA), vende ao
desbarato alguns dos ativos (por ex. Pavilhão Atlântico que custou ao erário
público 55 milhões de euros é vendido por 21 milhões ao Sr. Luís Montez, genro
do atual Presidente da República), altera gravosamente as leis laborais, a
austeridade sobe para níveis altíssimos (custe o que custar), rouba os subsídios
de férias e de natal aos pensionistas (entre os quais eu me incluo) e aos
funcionários públicos, está em marcha um furioso ataque ao poder local
democrático e a prometida aliança com os mais fracos e ofendidos é sim feita
com os mais poderosos, isto é, com banqueiros e a alta finança. A corrupção e a
pobreza sobem assustadoramente. O País de progresso e desenvolvimento que as
portas que Abril abriu, começa a ser desmantelado peça a peça. Agora apresentam
e aprovam um O.E. para 2013 que é uma autentica traição ao País e à grande
maioria dos Portugueses que irá atirar, ser for posto em prática, ainda mais,
milhares de famílias para a fome e para a miséria e, mais cedo que tarde esta
maioria submissa aos interesses do grande capital nacional e internacional terá
que prestar contas aqueles que os elegeram para os defender e dar-lhe uma vida
digna. A juntar a todas estas
medidas, os sucessivos ataques ao interior contemplados em especial nos
sucessivos O.E. que apenas contribuem para mais desertificação, e pioria das
condições de vida para a grande maioria das populações, sendo neste momento o
único Distrito do País que não tem qualquer ligação ferroviária de passageiros.
Contando infelizmente com o apoio dos que foram eleitos para os defender na
Assembleia da República e nada disso fizeram, em especial neste último
Orçamento. A política tem que ser, custe o que custar, uma atividade
nobre onde a ética e a honra têm que estar em primeiro plano e não serem tão
mal tratadas por esta gente que não têm respeito pelo povo, pelo País e nem
sequer pela Constituição da República e, é por isso que largas camadas da população
exigem que este Governo se demita ou que seja demitido pelo Sr. P.R., porque se
continuar em funções vai a curto prazo, tornar Portugal num País do terceiro
mundo e sem futuro.
Portalegre, 18 de
Dezembro de 2012
Após se insurgirem dois elementos da bancada do PSD em relação à linguagem contida na declaração. O membro da Assembleia Intermunicipal pela CDU de Campo Maior respondeu que bastante mais grave do que as verdadeiras declarações proferidas são os insultos que este governo e em particular o Primeiro-Ministro fazem ao povo. Referiu igualmente que sentia muito mais chocado com milhares de crianças em Portugal a passar fome, milhares de jovens a abandonar o ensino superior por não terem dinheiro para pagar as propinas e milhares de idosos com reformas de miséria com a drástica decisão de optarem pela compra dos vitais medicamentos e não menos vital alimentação. O incomodo foi bastante notório, em toda a bancada que apoia o governo, durante as intervenções de António João Gonçalves.
Período da ordem do dia
A destacar durante o período da ordem do dia foi aprovação do Orçamento e o Plano de Actividades para 2013 por unanimidade.
CDU nas Autarquias - Trabalho - Honestidade - Competência
CDU nas Autarquias - Trabalho - Honestidade - Competência
A Coordenadora da CDU Campo Maior convida a todos a assistir e participar na Sessão Ordinária Pública da Assembleia Municipal de Campo Maior. A realizar no edifício dos Paços do Concelho dia 20 de Dezembro de 2012 (Quinta) pelas 18h00.
Com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1) - Apreciação das informações do Senhor Presidente da Câmara, acerca da actividade do Município e da situação financeira do mesmo, nos termos da alínea e) do nº 1 do artigo 53º da lei 169/99 de 18 de Setembro, alterada pela lei 5-A/2002 de 11 de Janeiro;
2) - Apreciação e votação da Ata da Sessão ordinária de 21/09/2012;
3) - Apreciação do Oficio do Agrupamento de Escolas de Campo Maior, remetendo um CD com o projecto educativo, regulamento interno, regulamento dos cursos profissionais, regulamento de formação em contexto de trabalho, regulamento prova de aptidão profissional, código de conduta, plano de actividades, resultados escolares 2008/2012 e resultados escolares – estratégias;
4) – Apreciação da proposta do Presidente da Câmara referente à manutenção de atribuição aos titulares de cargos de direcção intermédia de 2º grau(chefes de divisão) de despesas de representação;
5) – Apreciação de informação número 40/2012/DAF, referente à aquisição de prestação de serviços de comunicação de móveis;
6) – Apreciação dos documentos provisionais para o ano 2013 – Orçamento, Grandes Opções do Plano e Mapa de Pessoal;
7) – Apreciação da proposta do Presidente da Câmara, referente à adequação da estrutura orgânica do Município de Campo Maior;
8) – Apreciação da informação número 48/2012 do Chefe de Divisão Administrativa e Financeira, referente à cessão de posição contratual de prestação de serviços – seguros do segmento não vida;
9) – Apreciação da informação número 13/2012 dos serviços de aprovisionamento, referente ao concurso público número 1/ 2012 – contrato de fornecimento de 130,000 litros de gasóleo rodoviário;
10) – Apreciação da informação número 15/2012 dos serviços de aprovisionamento, referente à autorização prévia no âmbito das lei dos compromissos e pagamentos em atraso (LCPA);
A presença dos campomaiorenses é fundamental em democracia.
A CDU Campo Maior convida toda a população a participar na Reunião Plenária Ordinária da Assembleia Intermunicipal do Alto Alentejo dia 18 de Dezembro de 2012 pelas 21:00 no Centro de Congressos da Câmara Municipal de Portalegre.
Tendo como ordem de trabalho os seguintes pontos:
1 - Período antes da ordem do dia;
2 - Discussão e votação da ata da reunião ordinária 12 de Outubro de 2012;
3 - Apresentação das atividades desenvolvidas pela CIMAA, nos termos da alínea e) do artigo 16ºdos seus estatutos;
4 - Aprovação de revisão à Norma de Controlo Interno (NCI);
5 - Discussão e votação do Plano de Atividades para o ano de 2013;
6 - Discussão e votação do Orçamento para o ano de 2013
A presença da população é fundamental em democracia para criticar, propor, aprovar ou discordar das decisões dos seus representantes políticos.
Toda a informação referente a este importante órgão aqui.
Reúne no próximo sábado, dia 15 de Setembro, em
Setúbal, o Conselho Nacional do Partido Ecologista “Os Verdes”, órgão máximo do
PEV entre congressos. Nesta reunião estará em debate a situação eco-política
nacional, a situação nas regiões e a preparação da agenda do partido para os
próximos tempos.
“Os Verdes” convidam os senhores e senhoras
jornalistas para uma conferência de imprensa, onde darão conta das conclusões
desta reunião, que se realizará pelas 17.30h de sábado, 15 de Dezembro, no Hotel
Laitau, em Setúbal.
No mesmo dia, 15 de Dezembro, celebra-se ainda
o 30º aniversário do Partido Ecologista “Os Verdes”, que será assinalado em
sessão comemorativa que decorrerá na Sociedade Musical e Recreativa União
Setubalense (Av. Luisa Todi, 233/7), a partir das 21.30h. No âmbito desta
celebração, que contará com um apontamento musical a cargo da banda Green Tree,
será ainda feito o lançamento do livro “30 Anos de Lutas Ecologistas”.
O Partido Ecologista “Os Verdes” convida todos
os senhores e senhoras jornalistas a participar nesta comemoração.
Programa – 15 de Dezembro
Reunião do Conselho Nacional do PEV (Hotel
Laitau)
17.30h – Conferência de imprensa (Hotel Laitau-
Av. General Daniel de Sousa, 89)
21.30h – Sessão comemorativa do 30º aniversário
do Partido Ecologista “Os Verdes” e lançamento do livro “30 Anos de Lutas
Ecologistas” (Sociedade Musical e Recreativa União Setubalense)
No próximo sábado, dia 15, em Lisboa, tem lugar a segunda manifestação nacional que a CGTP-IN decidiu realizar, para dar seguimento aos objectivos que uniram milhões de trabalhadores na última greve geral. Tal como no Porto, dia 8, o alvo mais próximo é o Orçamento do Estado, e a exigência mais lata é o combate à exploração e ao empobrecimento, a par da reclamação de uma nova política.
A concentração de trabalhadores dos distritos de Leiria, Santarém, Castelo Branco, Lisboa, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro está marcada para as 15 horas, em Alcântara. A manifestação seguirá para junto da residência oficial do Presidente da República, em Belém.
8 de Dezembro de 2012 - Porto
No sábado, dia 8, a manifestação da CGTP-IN no Porto, contra o Orçamento do Estado para 2013, contra a exploração e pela mudança de política, evidenciou a determinação de quem resiste e luta, mas também deixou claro que as posições do movimento sindical unitário merecem crescente simpatia da população.
Vídeo e texto intergral da intervenção do Deputado Agostinho Lopes.
A primeira e importante ilação que podemos e devemos tirar da profunda crise que o país vive, é que o PCP tinha e teve razão. A «cassete» do PCP falava verdade. Usando, uma adequada frase feita, o PCP previu e preveniu.
Nós avisámos e lutámos contra a política de direita de sucessivos governos PS, PSD e CDS-PP que, ao longo de 37 anos, conduziram o país ao desastre.
E “é preciso avisar toda a gente”. E na presente batalha política e ideológica, combater a amnésia, o esquecimento, o silêncio, as deturpações, sobre as causas da crise, sobre as responsabilidades e os responsáveis da crise.
É mesmo uma questão central da resposta à crise, saber como chegámos até à crise! Para que velharias ideológicas não prevaleçam sobre as respostas necessárias. Para que as receitas políticas e económicas que aqui nos conduziram não sejam vendidas, em dose reforçada, como solução para a crise. Para que os coveiros do país não apareçam agora travestidos de salvadores!
“É preciso avisar toda a gente”. O PCP tinha e teve razão!
Tinha e teve razão quando se opôs ao processo de recuperação capitalista e latifundista. Tinha e teve razão quando se opôs ao processo de privatização e liberalização e quando combateu a reconstituição renovada e reforçada dos grupos monopolistas. Tinha e teve razão quando se opôs ao processo de integração capitalista europeu, da CEE à União Europeia, de Maastricht ao Euro, de Nice ao Tratado de Lisboa.
Tinha e teve razão quando, de forma insistente e persistente, se opôs a políticas nacionais e comunitárias de liquidação das nossas pescas, da nossa agricultura, da nossa indústria, à predação do nosso subsolo. Tinha e teve razão quando se opôs à expansão desenfreada das áreas comerciais dos grupos da grande distribuição.
Tinha e teve razão quando se opôs aos processos de financeirização da economia. Tinha e teve razão quando se opôs a uma gestão orçamental conforme as imposições do Pacto de Estabilidade. Tinha e teve razão quando combateu o assalto ao comando de empresas e sectores estratégicos pelo capital multinacional.
E tinha e teve razão quando se opôs aos PEC do governo PS, e quando, a 5 de Abril de 2011, avançou com a proposta de renegociação da dívida junto dos nossos credores. Tinha e teve razão na sua oposição ao Pacto de Agressão da Troika e à violenta ofensiva levada a cabo pelo actual governo.
O PCP tinha, teve e tem razão quando afirma e sublinha que não há alternativa sem ruptura com as políticas que nos conduziram ao desastre!
A crise teve algumas virtudes. Converteu o Presidente da República, que recentemente condenou Cavaco Silva primeiro-ministro, responsável pelos (e transcrevo) «estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria (...)»
Converteram-se os rendidos à «Nova Economia» e a uma economia «desmaterializada» (não fazia sentido produzir ferro e ácido sulfúrico). Agora, no programa do governo PSD/CDS, a reindustrialização do país! Farsantes duas vezes! «Esquecem-se» de quem e como desindustrializou o país, para agora quererem reindustrializá-lo! E simultaneamente, desmantelam da CIMPOR, a maior empresa industrial portuguesa!
Descobriram que os monopólios cobram rendas ditas excessivas, na energia eléctrica, no gás natural, nos combustíveis, etc.! Houve quem descobrisse, que esses monopólios dos chamados bens não transaccionáveis, abocanharam, dos sectores produtivos, micro, pequenas e médias empresas, dos consumidores, um valor equivalente a 15% do PIB (24 mil milhões euros), durante duas décadas! De facto, descobriram o que está descoberto, os monopólios impõem preços de monopólio!
Descobriram que os monopólios subvertem a dita «livre concorrência» e que abusando de posições dominantes e da dependência económica das PME, capturam elevadas margens das cadeias de valor, esmagando as margens e rendimentos de produtores agrícolas e industriais.
E até houve os que descobriram a «dívida externa» e a gravidade para o país da dependência dos mercados financeiros! Alguns dos mesmos que hoje se interrogam, metafisicamente, sobre a razoabilidade para a economia portuguesa da adesão ao Euro!
Os que «combateram» as posições do PCP sobre o Euro! Os que hoje fazem por esquecer o que disse e propôs o PCP sobre a moeda única. Os que viam o Euro como o guarda-chuva do país contra a especulação financeira! E a protecção do país, numa crise decorrente da falta de meios de pagamento por desequilíbrios externos profundos. Por definição, no Euro, não havia crises dessas!
Afirmámos no nosso anterior XVIIIº Congresso:
«Os que hoje (estávamos em Dezembro de 2008, 1º ano da crise do subprime) enfatizam a importância do euro na resistência do País à crise não estão apenas a falar cedo demais. Deveriam explicar que sustentabilidade e acréscimo de produtividade e competitividade, trouxe o euro à economia portuguesa. Ou, pelo menos, interrogarem-se sobre como vai o País pagar a sua gigantesca dívida externa – quase 150 milhões de euros (100% do PIB). Porque se há coisa segura e certa é que os credores, mais tarde ou mais cedo, vão cobrá-la!».
E não demoraram muito a fazê-lo...
De forma esquemática. A crise do subprime/especulação imobiliária (EUA), depois a crise estrutural do capitalismo, depois a crise (dos desequilíbrios estruturais) da Zona Euro, nomeadamente os défices acumulados pelas diferenças de competitividade, cuja expressão mais significativa são elevadíssimas dívidas externas, atingiram. As “crises”, envolveram Portugal, revelando, relevando, potenciando as fragilidades/debilidades da nossa economia. E facilitaram, convocaram o ataque concertado dos seus credores, na espiral da especulação das taxas de juro dos financiamentos de que o Estado Português precisava e da dívida já contraída.
As respostas da Troika (FMI/CE/BCE), têm um objectivo claro. Como se salvam os credores? Como se salvam os grandes bancos europeus e internacionais, os fundos de investimento e os especuladores, as economias do Centro e Norte da Europa, a começar pela Alemanha?
Os ditos Programas de Assistência Económica e Financeira/Programas de Ajustamento, são a forma de o fazerem, transferindo os custos dos desequilíbrios, os possíveis prejuízos da especulação, as potenciais perdas para cima dos países «intervencionados». Tudo sob uma brutal chantagem. Ou aceitam ou vão à falência, ficando sem meios para assegurar o funcionamento do Estado. Ou a ameaça da expulsão do euro! Quem quer falar de solidariedade europeia, de coesão europeia, “vendidas” ao longo dos últimos anos, por tanta gente…
O Orçamento do Estado para 2013 é apenas um novo e brutal passo na continuidade, em progressão geométrica das opções que foram tomadas por PS, PSD e CDS desde 2010. Em que à aplicação de uma dose de austeridade se segue uma dose reforçada de austeridade, no círculo vicioso e sem saída em que a política de direita encerrou o Estado.
Dos PEC 1, 2, 3 e 4, ao pedido de intervenção externa da Troika, da subscrição do Pacto de Agressão ao Orçamento do Estado de 2012, a que se seguiram novas medidas recessivas e penalizadoras da economia, desembocamos agora neste Orçamento do Estado para 2013! Filme que tem em curso novos episódios, como o da refundação do Estado, versus corte de 4 mil milhões de euros na segurança social, saúde, educação e despedimentos de trabalhadores da administração pública!
E não respondem à crise, não rompem o círculo, porque não respondem às causas profundas das dívidas e défices acumulados... Antes os agudizam, porque não respondem à questão essencial do necessário crescimento económico, da criação de riqueza!..
Há uma alternativa à política de direita conduzida há décadas por PS, PSD e CDS.
Uma política patriótica e de esquerda, que baseada na Constituição da República, rompe com a política de direita, o domínio monopolista e a integração capitalista europeia.
Uma política alternativa, que, rejeitando o Pacto de Agressão, assume como orientações a imediata renegociação da dívida pública, a alteração radical da política fiscal, o combate aos défices estruturais, um programa de estímulo ao investimento público e à modernização das forças produtivas. Uma política que em convergência com outros países vítimas da especulação e ingerência, luta pela dissolução da União Económica e Monetária.
Queremos que o País se liberte das imposições da UEM, de que o euro é instrumento. Uma abordagem, que não subestima a natureza do poder político sob o qual poderá acontecer a saída do euro e as condições em que a saída se processará. Mas há duas ilusões a evitar. A de que é possível uma política alternativa à que está em curso, com a manutenção no euro e mais federalismo. A ideia de que tudo se resolve com a saída pura e simples do euro, qualquer que seja a forma como se sai e as condições de saída.
Um governo patriótico e de esquerda, deve preparar o país para qualquer reconfiguração da Zona Euro - nomeadamente a saída da UEM/euro por decisão própria ou da crise da UE - salvaguardando os interesses de Portugal.
A crise do euro, da zona euro, do EU é a crise do capitalismo. E com a crise, colapsam também, as suas bases, teses e axiomas ideológicas, roídas por contradições e fugas para a frente.
O “risco” era/é a justificação moral e suporte “teórico” do lucro. O “lucro”, na economia burguesa, era a compensação do risco do capital/investimento do capitalista/accionista. A crise pôs em causa o axioma, com a gigantesca “socialização” dos riscos/perdas da banca e seguros e grandes grupos industriais (GM). Depois da SARL, limitando os riscos, pondo a salvo as fortunas pessoais/familiares, procedeu-se agora à “legalização” da indemnização por dinheiros públicos, dos prejuízos das grandes empresas privadas, com as justificações “Grande demais para falir” ou do “risco sistémico”.
Na Europa, a banca obteve mais de 3 Biliões de euros públicos. Em Portugal muitos milhares de milhões de euros na salvação do BPN, BPP, BCP, etc
A criação de empresas, com o capital social simbólico de um euro ou o propagandeado “empreendedorismo” são versões do mesmo fenómeno. Com a grande crise do capitalismo, o capitalista chegou ao paraíso: receber lucro sem arriscar capital! Mas fica também mais justificada a superação revolucionária do capitalismo, para que não sejam uns, a apropriar-se dos lucros e os contribuintes, os Estados, a pagar os erros de gestão, a especulação, os roubos…
Ganham mais força os revolucionários, os comunistas, para lutarem pela democracia avançada, pelo socialismo.
Intervenção de Sérgio Farinha - Membro do Executivo da DORPOR
O XIX Congresso do PCP, realização de máxima importância para o Partido Comunista Português, teve início prático uma semana antes e fim uma semana depois da data marcada para as intervenções e votações. Realizado com o generoso trabalho de militância dos membros, simpatizantes e apoiantes do partido (muitos deles a aproveitar o seu tempo de férias para dar apoio), contou com a fundamental colaboração das entidades apoiantes do evento. A elas agradecemos todo o apoio dado.
De destacar a grande participação dos 1219 delegados, a presença de mais de 60 partidos estrangeiros, as mais de 100 intervenções, a excelente presença de membros, militantes, convidados, apoiantes, simpatizantes, da juventude e presença do povo em geral que inundou a sala de fraterno calor humano. A maioritária votação de apoio ao novo Comité Central, a aprovação do todos os órgãos do partido por unanimidade assim como a unânime reeleição de Jerónimo de Sousa para Secretário Geral.
Deste congresso o Partido Comunista Português saiu mais forte, mais unido, mas sobretudo mais capaz de dar resposta aos problemas de Portugal e do seu povo.
A Organização Regional de Portalegre fez-se representar por 25 delegados e em número semelhante de suplentes/convidados ao XIX Congresso do Partido Comunista Português que se realizou nos dias 30 de Novembro, 1 e 2 de Dezembro de 2012 em Almada.
O distrito manteve os três membros no Comité Central.
Campo Maior foi representado por um delegado.
Toda a informação sobre o XIX Congresso do PCP aqui.
Intervenção de Sérgio Farinha - Membro do Executivo da DORPOR:
"Camaradas
No trabalho
preparatório, na Organização Regional de Portalegre, mereceram aceitação
unânime as propostas submetidas à apreciação da organização do Partido.
Chegado o XIX Congresso, saudamos os
delegados e convidados, confiantes de que o PCP se fortaleceu e está mais
preparado para combater a política de direita, de modo a derrotar o pacto de
agressão e contribuir para a política e o governo patrióticos e de esquerda, de
que Portugal e os portugueses necessitam.
O distrito de Portalegre é uma região
cada vez mais pobre, envelhecida, abandonada pelo poder central, marcada pelo
desinvestimento central, pela deslocalização e degradação dos serviços
públicos, pelo encerramento de empresas, pela destruição da agricultura, da
indústria agro-alimentar e demais produção industrial autóctone, pela
liquidação do pequeno comércio, com reflexos directos no aumento do desemprego.
Os efeitos negativos da política de
direita no sector agrícola, no País, no Alentejo e no distrito de Portalegre, como
foi a destruição da reforma agrária; o estrangulamento das pequenas e médias
explorações agrícolas e a agricultura familiar, têm contribuído para a
concentração e o abandono das terras, enquanto os grandes proprietários recebem
milhões de euros para não produzir.
O sector industrial da cortiça,
têxteis e rochas ornamentais, que tinham algum peso no distrito e davam
trabalho a milhares de trabalhadores, foram gradualmente arruinados pelas
políticas do PS, PSD e CDS, levando ao seu encerramento.
No sector público, a ofensiva iniciada
em 1993, pelo Gov. PSD de Cavaco Silva, foi continuada pelos sucessivos (des)governos,
fazendo o distrito perder poder político e decisório, ficar mais isolado, mais
dependente, e as populações mais abandonadas e desprotegidas.
Portalegre é o único distrito sem
ligação directa à rede de autoestradas; apenas servido pela ferrovia de
mercadorias; e a rede de transportes rodoviários é desajustada às necessidades
das populações e à deslocação de pessoas e bens.
No distrito, os comunistas lutam,
reivindicam, e fazem propostas de políticas que enfrentem os problemas do
interior e que promovam o desenvolvimento das potencialidades existentes.
Quanto à organização do Partido, temos
vindo a sofrer uma redução do corpo de funcionários e mesmo enfrentando dificuldades
e nem sempre conseguindo avançar como seria necessário e desejável, demos
alguns passos no reforço orgânico.
A nossa organização acompanha o
envelhecimento que atinge o distrito, mas existem potencialidades para o
recrutamento entre os jovens.
Nos últimos 4 anos, aderiram ao PCP, 71
novos camaradas, realizaram-se 10 Assembleias da Organização, responsabilizaram-se
30 novos camaradas, e promovemos 3 acções de formação ideológica.
Os efeitos da política de direita conduzida
contra os trabalhadores, tem reflexos negativos na situação financeira do
Partido.
Existem aspectos que temos de
continuar a melhorar:
- o recebimento da quotização, e ter
mais camaradas nesta tarefa.
- melhorar a discussão e a
compreensão de que os cargos públicos são do Partido, e de que o princípio de
não ser prejudicado nem beneficiado é um dever estatutário e como tal deve ser
encarado e cumprido.
- o aumento da receita e a redução de
despesas é fundamental para melhorar o trabalho orgânico e político do Partido.
Estamos convictos de que as conclusões
do nosso Congresso darão força à organização para:
- reforçar a intervenção e a
organização nas empresas e locais de trabalho;
- recrutar e responsabilizar mais
camaradas pelas tarefas partidárias;
- melhorar a atenção prestada à
formação politico-ideológica dos militantes e à difusão da imprensa do Partido;
- continuar o contacto com os
militantes e o esclarecimento da ligação com o Partido.
- continuar a trabalhar pelo reforço
da intervenção do Partido no Poder Local, contribuindo para um bom resultado eleitoral
no distrito, na região e no país;
Só uma organização forte tem
capacidade para responder às necessidades do nosso povo.
Só um povo consciente consegue
transformar a sociedade e construir um País melhor.