Faz hoje 35 anos que o
IV governo provisório (26 de Março de 1975 - 8 de Agosto de 1975), chefiado por Vasco Gonçalves, criou em Portugal o subsídio de desemprego (o mesmo Vasco Gonçalves que, à frente de
outros governos provisórios, criou também o salário mínimo, o subsídio de férias e o subsídio de natal). Para a vida de muitos milhares de portugueses em
situações sociais desesperantes, é ainda, face ao persistente desemprego, o
único e magro provento com que contam, resultado dos seus descontos e não, como
os propagandistas neoliberais querem fazer crer, benesses do estado ou
destemperamento orçamental. A medida da sua força, nos dias que correm, pode
ser avaliada, simultaneamente, em dois tabuleiros: é encarado naturalmente, como
o ar que se respira,
como se não tivesse história,
por grande parte da população; e é alvo dos maiores ataques (no limite: para o liquidar) por
parte dos partidos da burguesia.
A sua implementação foi
possível porque havia, obviamente, um governo provisório, na sua geometria
variável, vinculado à luta dos trabalhadores, ao seu objectivo socialista, e
com força política bastante para avançar com ousadia e firmeza. Mas foi
fundamentalmente porque o movimento de massas se desenvolvia e arrancava
conquistas democráticas aos exploradores, nomeadamente com as nacionalizações
dos sectores-chave da economia, que o governo provisório pôde actuar desse
modo. Uma lição para o futuro.