Comemoramos este mês, em todo o colectivo partidário, os oitenta anos de vida do Avante!.
Fazêmo-lo com o legítimo orgulho de quem tem a consciência de que, falando do nosso jornal, estamos a falar de um caso singular na história da imprensa portuguesa.
Único jornal que durante a longa ditadura fascista nunca se deixou amordaçar nem se submeteu à censura salazarista/caetanista, o Avante! foi, nesse tempo opressivo e repressivo, a voz dos anseios e aspirações dos trabalhadores e do povo, das suas reivindicações, das suas lutas: a voz dos que não tinham voz.
Criado em 1931 – na sequência da reorganização que, dois anos antes, dera um significativo passo na construção do PCP como partido marxista-leninista – desde logo passou a constituir um alvo preferencial da repressão fascista. Estava, então, em curso acelerado o processo de fascização do Estado levado a cabo por Salazar: à criação do partido único fascista, ocorrida em 1930, sucedia-se um vasto conjunto de medidas de carácter político, económico, social, ideológico, cultural, complementado com a criação de um poderoso aparelho repressivo.
Em consequência disso – e também porque o Partido estava a dar os seus primeiros passos na organização da actividade clandestina – a publicação do Avante! nos primeiros dez anos da sua existência sofreu várias interrupções.
E foi com a reorganização de 1940/41 – que viria a criar as condições para a transformação do PCP num grande partido nacional, no grande partido da resistência e da unidade antifascistas, na vanguarda revolucionária da classe operária – que o Avante! estabilizou a sua publicação: de Agosto de 1941 até ao 25 de Abril de 1974, o Órgão Central do PCP foi publicado ininterruptamente, sempre composto e impresso no interior do País – assim se afirmando como o jornal que, a nível mundial, mais tempo resistiu com êxito à clandestinidade.
A montante desse êxito estavam a dedicação e a coragem ilimitadas dos seus construtores – muitas vezes pagas com a prisão, a tortura e a própria vida.
Por tudo isso o primeiro número do Avante! após o 25 de Abril foi, em termos mediáticos, o exemplo mais expressivo da liberdade de informação acabada de conquistar.
E nos dias e meses que se seguiram ao derrubamento do governo fascista, ele foi a voz das massas conquistando as liberdades; do movimento operário e popular avançando para as grandes conquistas revolucionárias; da aliança Povo/MFA colocando os primeiros tijolos do luminoso edifício de uma democracia avançada que a Constituição da República viria a consagrar.
Do mesmo modo que, nestes quase trinta e cinco anos de contra-revolução – de liquidação das conquistas de Abril e de recomposição da capitalismo monopolista do Estado; de ataques brutais aos direitos e interesses dos trabalhadores, do povo e do País; de venda a retalho da independência e da soberania nacionais – o Avante! tem sido o singular porta-voz da resistência; das lutas dos trabalhadores e do povo contra a política de direita com a qual os partidos da contra-revolução – PS, PSD e CDS/PP – têm vindo a afundar Portugal; da luta pela ruptura e a mudança; da luta pelo cumprimento da Lei Fundamental do País.
E porque, em consequência da contra-revolução e do domínio do grande capital, a maioria dos média voltou a ser propriedade dos grandes grupos económicos e financeiros – e, portanto, a definir os seus critérios informativos de acordo com os interesses exclusivos dos seus donos – o Avante! é, hoje, a única voz ao serviço dos interesses dos trabalhadores e do povo; é, hoje, como no tempo do fascismo, a voz dos que não têm voz.
E, da mesma forma que, honestamente, não é possível fazer a história de Portugal sob o regime fascista sem consultar o Avante!, também só consultando-o é possível escrever com rigor sobre os últimos 36 anos da nossa história colectiva.
Num tempo marcado por uma forte ofensiva ideológica, com a qual os média dominantes fazem chegar todos os dias a milhões de pessoas a desinformação cirurgicamente organizada que serve os interesses do grande capital, a divulgação e leitura do Avante! coloca-se com questão crucial não apenas para os militantes comunistas mas para a generalidade dos trabalhadores – para todos os que sofrem na pele as consequências da política de direita; para todos os que assumem como referência maior os valores e os ideias de Abril.
O anticomunismo, em muitos casos retomando as suas formas mais primárias e boçais; a apresentação do capitalismo explorador e opressor como sistema ideal; o roubo de direitos aos trabalhadores, apresentado como uma necessidade, uma inevitabilidade, uma normalidade; a pregação multiplicada da passividade, do conformismo, da resignação, do não vale a pena; a disseminação do medo; o silenciamento das ameaças, das chantagens, da repressão sobre os trabalhadores – constituem linhas dessa ofensiva às quais, no plano mediático, só o órgão central do PCP dá resposta.
Os nossos leitores sabem que há um vasto conjunto de notícias, informações e opiniões sobre Portugal e sobre o mundo que só no nosso jornal poderão encontrar – notícias, informações e opiniões indispensáveis para o conhecimento da realidade existente e para o desenvolvimento da luta pela sua transformação. Uma luta que a leitura do Avante! ajuda a que seja mais forte e mais consciente.
Assim, fazer chegar o nosso jornal a mais e mais leitores, militantes e não militantes do Partido, é uma das mais relevantes tarefas políticas do colectivo partidário comunista.
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